quarta-feira, 5 de julho de 2017

SÍTIO E TRÍPLEX DO LULA ESTÃO ENTREGUES ÀS MOSCAS...











Embora sejam separados por mais de 150 quilômetros, o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá estão unidos por um destino. As duas propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Ministério Público Federal (MPF) ESTÃO VAZIAS, SEM USO. No caso do sítio, foi-se o glamour das visitas presidenciais e o cheiro de churrasco. Já no Condomínio Solaris, o apartamento 164-A ESTÁ TRANCADO, sem perspectiva de ocupação – e o edifício inteiro parece ter se “desvalorizado”.

Vizinhos do sítio comentam que o local já não tem o brilho de quando era frequentado pela família de Lula. “Não tem vindo mais ninguém aí, a não ser vocês da imprensa. O último acontecimento foi quando a Polícia Federal entrou e revistou tudo”, disse a vizinha Ana Lúcia Farias da Silva.

Naquele dia – em 4 de março do ano passado –, os agentes pediram à sobrinha dela, Marina, que fosse testemunha das buscas. “Foi a única vez que alguém da família entrou lá. Depois, até os churrascos pararam. Antes, a gente via fumaça e sentia o cheiro de carne assada”, disse. “Vinha sempre um carro com vidros ‘filmados’, diziam que era ele.” Hoje, o acesso ao sítio, por estrada exclusiva, ESTÁ ÀS MOSCAS, disse outra vizinha, a auxiliar administrativa Roberta Kubota.

Gerente de uma padaria próxima, Gesuldo Gomes disse que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, já falecida, parava o carro na porta, mas não entrava. “Era sempre outra pessoa, uma empregada, que comprava pão, cerveja e refrigerante. Ela ficava no carro, COM O VIDRO ABAIXADO, FUMANDO.”

Hoje, quem passa em frente ao sítio já pode observar SINAIS DE ABANDONO na entrada. Algumas pranchas da ponte de madeira que dá acesso ao portão apodreceram. O interfone ainda funciona, mas apenas na quarta tentativa o caseiro Élcio Pereira Vieira atendeu à chamada. Ao ser informado de que se tratava de reportagem, afirmou que não há ninguém na propriedade a não ser ele. “Não posso permitir a entrada sem autorização do proprietário”, disse.

Questionado se o proprietário é Lula, como diz o MPF, respondeu: “Que eu saiba o dono aqui é Jacó Bittar (ex-prefeito de Campinas e amigo de Lula).”

A reportagem entrou em contato com o escritório Toron Advogados, que atua em nome de Bittar, e foi informada de que o advogado Alberto Zacharias Toron é o único que fala sobre o assunto, mas ele está em férias. O advogado Ary Bergher, que defende Jonas Suassuna, disse que seu cliente não é dono do Sítio Santa Bárbara, mas do Sítio Santa Denise, uma propriedade contígua, com outra matrícula.

Em um sítio vizinho – local de onde o jornal Estado fez as fotos –, foi possível observar que OS JARDINS ESTÃO COM MATO ALTO. Os dois pedalinhos em forma de cisne ainda estão em um dos lagos. Mas não se veem animais, como os pavões ou as galinhas que eram presas de gambás, conforme relatado pelo caseiro em e-mail enviado ao Instituto Lula que consta da denúncia. O MPF acusa Lula de ser dono do imóvel, supostamente adquirido com dinheiro desviado da Petrobrás. Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, O PETISTA NEGOU SER DONO DA PROPRIEDADE

O triplex. O Condomínio Solaris, na Praia de Asturias, no Guarujá, ainda resiste como ponto turístico involuntário. Não é raro ver alguém apontando o celular para o prédio com o firme propósito de tirar uma selfie – tendo “O TRIPLEX DO LULA” como cenário. Os mais ousados chegam a tocar o interfone e fazer perguntas ao porteiro: “É DELE MESMO?”

Na tarde desta sexta-feira, 30, uma família da Bahia estacionou sua picape bem na frente do edifício. Do carro, desceram seis pessoas. “Somos fãs do Lula. Meu pai é nascido na cidade de Caculé, no interior. Antes do Lula o lugar não tinha nem iluminação”, contou o empresário William de Lima, de 47 anos. Mas nem todos os curiosos param para demonstrar apoio. “ESTOU FOTOGRAFANDO PORQUE TAMBÉM É MEU. FOI FEITO COM DINHEIRO QUE ROUBARAM DO POVO”, disse uma mulher que preferiu não se identificar.

Segundo moradores e funcionários, O TRIPLEX ESTÁ FECHADO, com acesso bloqueado e sem nenhuma perspectiva de ocupação. Após a exposição do caso, o prédio passou a ser considerado um “MICO” por corretores imobiliários da região – o valor de um apartamento comum (não um triplex) caiu de R$ 700 mil para R$ 550 mil e não há quase procura.

Em um voo de drone feito pela reportagem do Estado, foram notados dois trabalhadores na área próxima ao triplex. Como o edifício está em reforma, dois homens foram vistos dentro do limite do apartamento e logo depois pularam para a unidade ao lado. A assessoria de imprensa da OAS afirmou que o apartamento está fechado, mas que, eventualmente, funcionários podem entrar na área externa para trabalhos de reforma.

Questionada sobre a reforma, a assessoria do Instituto Lula disse desconhecer a obra e afirmou que o ex-presidente não é dono do apartamento. Nas alegações finais, a defesa do petista informou que o imóvel, desde 2010, é de propriedade de um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal. A sentença pode sair a qualquer momento. – Fonte O Estadão -



A LADROAGEM ENDÊMICA TRANSFORMOU A ROTINA DO LULA NUM TORMENTO PENAL E LEVOU A PRESIDENTA DILMA AO ABISMO.






Josias de Souza

A investigação que levou Geddel Vieira Lima para a cadeia envolve a Caixa Econômica Federal. Dinheiro do sacrossanto FGTS foi usado em empréstimos fraudulentos para empresas corruptas, ENTRE ELAS A J&F DO DELATOR JOESLEY BATISTA. A encrenca que ameaça o mandato de Michel Temer é parte da roubalheira endêmica que transformou a rotina de Lula num tormento penal e levou a Presidência de Dilma ao abismo.

O PMDB da Câmara, coordenado por Michel Temer, aproximou-se do PT no segundo mandato de Lula. A exemplo do que já fazia o PMDB do Senado, de Renan Calheiros e José Sarney, O GRUPO DE TEMER PLANTOU APADRINHADOS NA MÁQUINA DO ESTADO. Nessa época, Geddel virou ministro da Integração Nacional. Tocava a obra da Transposição do São Francisco.

NO GOVERNO DE DILMA, Geddel foi nomeado vice-presidente da área que lidava com empresas na Caixa Econômica. Eduardo Cunha nomeou um afilhado, Fábio Cleto, para a vice-presidência de loterias, FGTS e outras mumunhas. HOJE, DILMA SILENCIA SOBRE A PILHAGEM. LULA DIZ EM DEPOIMENTO QUE NÃO SABIA. TEMER FAZ POSE DE LIMPINHO. E a plateia descobre o que Romero Jucá queria dizer quando declarou que era preciso estancar a sangria. Resta torcer para que a hemorragia seja levada às últimas conseqüências...

terça-feira, 4 de julho de 2017

NO BRASIL, ATÉ O PASSADO É IMPREVISÍVEL




Por Maria Lucia Victor Barbosa

A frase que dá título a esse artigo, de autoria de Pedro Malan é um misto de ironia e humor e visa traduzir o que somos, especialmente quando atualmente é desnudada de modo mais amplo a barafunda nacional na qual os governantes, associados a grandes magnatas, nos transformaram numa Réucracia que luta para continuar impune.
Para reforçar a ideia cito Raymundo Faoro que em sua obra-prima, “Os Donos do Poder”, escreveu de modo lapidar: “A civilização brasileira, como personagem de Machado de Assis, chama-se Veleidade, sombra coada entre sombras, ser e não ser, ir e não ir, a indefinição das formas e da vontade criadora”.
Escrito em 1958, a afirmação de Faoro continua atual sendo que as sombras que nos envolvem se estendem agora mais tenebrosas, envolvendo os Três Poderes e obscurecendo o futuro cada vez mais imprevisível.
Desse modo, quando a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, exorta o povo a acreditar na Justiça, dá a impressão de que a ilustre magistrada paira fora da realidade na medida em que nos atuais julgamentos, em que pese o linguajar jurídico das sentenças, o conteúdo é claramente político.
Por exemplo, nada acontece com o senador Renan Calheiros, que acumulando processos há anos debochou do STF ao não atender um oficial de Justiça. Por uma manobra política ele continuou no cargo de presidente do Senado, portanto do Congresso. Relembre-se o episódio do impeachment de Dilma Rousseff em que Calheiros, em articulação com o PT, rasgou a Constituição juntamente com o presidente do STF Ricardo Lewandowski ao salvaguardar os direitos políticos da presidente cassada. Como se vê, ele tem boas relações políticas.
Ao contrário, o STF mandou prender o senador Delcídio do Amaral. Afastou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha que, finalmente cassado foi preso. Os ministros discutem sobre foro privilegiado, mas parece que isso é algo relativo, pois tudo começa com o afastamento do parlamentar feito por eles e não pelo Congresso.
Recentemente, o senador Aécio Neve foi afastado de suas funções, sua prisão chegou a ser pedida, mas, em um daqueles “ir e vir” que faz parte de nossa Veleidade foi restituído ao cargo.
Tudo isso não quer dizer que os políticos que comentem crimes não davam ser julgados, mas, sim que sejam feitos julgamentos a partir da lei igual para todos e não do Direito Alternativo, aquele que julga conforme as emoções, inclinações pessoais e interesses de juízes. Pode-se dizer também diante do que acontece, que o Judiciário rompeu o equilíbrio entre os Poderes e governa o país.
E o que comentar sobre um dos casos mais clamoroso, o dos Irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F o triunfante conglomerado de empresas? Sua trajetória fulminante foi fruto de esforço, competência, trabalho árduo? Não. Quem lhes abriu as portas às instâncias governamentais para que pudessem subornar, traficar influência, receber bilhões, cometer quaisquer práticas criminosas e ajudar a desgraçar ainda mais a combalida economia brasileira foi Lula da Silva. 
Joesley, na sua famosa gravação clandestina com o presidente Temer acabou de conturbar o quadro político e ainda ganhou com compra de dólares. O que aconteceu com ele? Nada. O procurador-geral Rodrigo Janot, defendeu os termos de sua delação premiada, o que foi referendado pelo ministro Edison Fachin e os irmãos receberam uma espécie de “indulgência plenária”.   Inclusive, qualquer denúncia oferecida contra eles será transformada em perdão judicial e nenhuma denúncia futura será apresentada. Desculpe, ministra Cármen Lúcia, mas não dá para acreditar na Justiça. Infelizmente.
Numa outra vertente destaca-se de modo diferente o Juiz Sérgio Moro. Íntegro, competente, correto ele entrou para a História com a Operação Lava Jato a mais importante, consistente, efetiva já havida no país. Entretanto, conseguirá o juiz de primeira instância condenar o chefão Lula, presidente que logrou institucionalizar nossa histórica corrupção? O que se tem visto ultimamente é o STF mandando soltar o que Moro prendeu, sendo que a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4 de reformar a decisão de Moro e absolver o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, apelidado de Moch por carregar uma mochila recheada de propinas, é sinal do que pode acontecer deixando livre o “homem mais honesto do mundo”, inclusive, para continuar em campanha. Conforme o resultado do que virá seremos todos condenados ou não.
Não poderia finalizar esse texto deixando de lembrar um pequeno trecho do artigo do melhor analista político brasileiro, J. R. Guzzo (Veja 05/06/2017):
“Os dois mandatos de Lula na Presidência da República foram um monumento sem precedente ao vício. Sua performance mais espetacular, como ficou demonstrado com dezenas de confissões públicas e provas materiais, foi a capacidade sem limites para roubar dinheiro público”.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

SENTENÇA DO JUIZ SÉRGIO MORO NAS COSTAS DO LULA SERÁ IMPLACÁVEL!!!  





Investigadores, assessores e advogados que acompanham de perto o andamento dos processos da Lava Jato em Curitiba avaliam que o juiz Sérgio Moro deve demorar mais alguns dias para dar a sentença no processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu no caso do triplex no Guarujá. Tanto no Ministério Público Federal (MPF) quanto na Justiça Federal no Paraná há o entendimento de que a extensão das alegações finais da defesa do petista, com 363 páginas, vai demandar mais tempo de Moro. Além disso, o juiz da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba deve ser ainda mais meticuloso na decisão sobre Lula, sobretudo pelo peso político da decisão. “O Moro sabe da importância dessa sentença. Portanto, vai revisar e revisar antes de proferir a decisão”, afirmou uma fonte.

A decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) de reformar a decisão de Moro e absolver o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde 2015, colabora com essa expectativa. Tanto no Judiciário paranaense quanto no entorno de Lula, a notícia foi interpretada como um sinal claro do tribunal de segunda instância para a Lava Jato Moro havia condenado Vaccari a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na semana passada, o TRF-4 absolveu o ex-tesoureiro petista alegando que não haviam provas contra Vaccari além da palavra de delatores.

“Comemoramos duplamente. Primeiro porque foi feita justiça ao Vaccari, segundo porque o TRF-4 abriu uma nova perspectiva e nos deixou muito animados. Agora temos muita convicção de que não há como o Moro condenar o Lula, não há uma única prova material no caso do triplex”, disse o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho.

Segundo fontes próximas a Moro, a decisão do TRF-4 deve dificultar uma sentença contrária a Lula. Elas avaliam que, para condenar o petista, o juiz teria de aplicar a teoria do domínio do fato, alegando que Lula tinha controle sobre tudo o que acontecia. Do contrário, as provas recaem sobre a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro em decorrência de um aneurisma cerebral – foi Marisa quem decidiu comprar uma cota da Bancoop no prédio do Guarujá e quem mais vezes esteve no imóvel.

Expectativa. A iminência da publicação da sentença no caso do triplex é motivo de apreensão no mundo político e especulações no mercado. Nesta sexta-feira, 30, boatos de que Moro anunciaria a decisão ainda antes do fim de semana circularam entre operadores da área financeira. A boataria não se confirmou. Naquele dia, Moro, que voltava de viagem aos Estados Unidos, ouviu depoimentos de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e dos diretores da entidade Paulo Vanucchi, Luiz Dulci e Clara Ant, mas no caso que apura a doação de um terreno ao instituto pela construtora Odebrecht. 

Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo sobre o triplex. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente teria recebido R$ 3,7 milhões em propinas (por meio do apartamento e do armazenamento de parte do acervo presidencial do petista) da empreiteira OAS em troca de vantagens em contratos com a Petrobrás. A defesa de Lula alega que o petista nunca foi dono nem sequer usufruiu do apartamento e que o MPF não conseguiu produzir provas além do depoimento do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

Se for condenado em primeira e segunda instâncias, Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar impedido de disputar as eleições de 2018. O petista lidera as pesquisas. Além disso, o ex-presidente é réu em outros dois processos. Um deles apura repasses de empreiteiras investigadas pela Lava Jato à LILS, empresa de palestras do petista. O terceiro processo é sobre o sítio usado por Lula e sua família em Atibaia
- FON TE: O ES TADÃO -











A LIMPEZA QUE NÃO LIMPA...








A ARENGA DAS "DIRETAS JÁ" COMO FAXINA GERAL. QUE FAXINA, SE TUDO VOLTARIA AO CORRUPTO TIRANETE LULA?. CHEGA DE REMENDAR A CONSTITUIÇÃO PARA LIVRAR A CARA DE VAGABUNDOS OPORTUNISTAS. "OS ESTADOS UNIDOS TÊM A MESMA CONSTITUIÇÃO DESDE 1789, E AO LONGO DESSES 228 ANOS SÓ FIZERAM 27 EMENDAS PARA MEXER EM ALGUMA COISA DO TEXTO". COMPAREM: NO BRASIL A CONSTITUIÇÃO AINDA NÃO CHEGOU AOS 30 ANOS, MAS JÁ TEVE 96 EMENDAS. DEVE SER POR ISSO  QUE OS EUA SÃO UMA DROGA DE PAÍS E O BRASIL É ESSA MARAVILHA QUE AÍ ESTÁ:





É provável que não exista no mundo nenhum outro país, como o Brasil, em que os grandes colossos do pensamento político, ou gente que ganha a vida apresentando-se como tal, têm tanta paixão por recomendar o desrespeito à Constituição, em nome de altos interesses nacionais, todas as vezes que aparece um problema mais enjoado pela frente. COMPLICOU? ENTÃO MUDE-SE A LEI, PORQUE É A LEI QUE ESTÁ ATRAPALHANDO. Mudar a regra deveria ser o último recurso; aqui é sempre um dos primeiros. É um dos motivos, possivelmente, pelos quais tanto os donos da nossa vida pública quanto a própria Constituição valem a miséria que se sabe. O país está vivendo, justo agora, um dos grandes momentos dessa BUSCA PERMANENTE DO ATALHO e do facilitário trapaceiro para anular realidades. Corruptores confessos, entre os maiores já registrados na história mundial da compra de políticos com dinheiro vivo, ganham um inexplicável perdão perpétuo para seus crimes por decisão do procurador-geral da República e de um ministro do Supremo Tribunal Federal; em troca, acusam o presidente da República de chefiar uma quadrilha de bandidos. Solução proposta pela sabedoria nacional, após dez minutos de desconforto: MUDAR A CONSTITUIÇÃO PARA FAZER ELEIÇÕES “DIRETAS JÁ” e, em seguida, entregar a um outro o lugar do presidente atual.



Os Estados Unidos têm a mesma Constituição desde 1789, e ao longo desses 228 anos só fizeram 27 emendas para mexer em alguma coisa do texto. Nesse meio-tempo, passaram por uma guerra civil que deixou 600 000 mortos, ou mais, duas guerras mundiais, guerras na Coreia, no Vietnã e em meia dúzia de outros cantos do planeta, jogaram uma bomba atômica, enfrentaram a recessão econômica mais comentada da história, venceram um problema racial tido como insolúvel, e por aí afora. No Brasil, a Constituição ainda não completou trinta anos e já teve 96 emendas ─ deve estar nisso, talvez, um dos segredos que explicam por que os Estados Unidos são uma droga de país e o Brasil é essa coisa admirável que está aí. Aqui, por safadeza ou com as melhores intenções, por incapacidade de praticar a democracia ou pela arrogância dos que elevam suas opiniões à condição de ciência, os marechais de campo do jogo político TÊM UM SERVIÇO DE DELIVERY, ABERTO 24 HORAS POR DIA, PARA O PRONTO FORNECIMENTO DE REFORMAS CONSTITUCIONAIS SEMPRE QUE NÃO TÊM IDEIAS VERDADEIRAS, NEM CORAGEM, PARA ENFRENTAR DIFICULDADES ─ DISQUE JÁ, ENTREGAMOS A SOLUÇÃO EM NO MÁXIMO QUARENTA MINUTOS. VIROU UM VÍCIO. E, COMO TODO VÍCIO, NÃO PRECISA DE MOTIVO PARA APARECER ─ PRECISA APENAS DE UMA OPORTUNIDADE. A desgraça de Michel Temer, chefe de um governo morto e herdeiro de uma fraude eleitoral sem precedentes, é a oportunidade do momento.



Um bom bode expiatório, como se sabe, muitas vezes vale tanto quanto uma solução ─ um bode com menos de 10% de popularidade nas pesquisas, então, é uma saída quase ideal. É o que acontece com Temer. O problema essencial, no caso, é que ele é o único presidente legal que o Brasil tem hoje; para tirar o homem de lá, só depois das eleições presidenciais de 2018 ou através de um processo de impeachment como o que despejou do Palácio do Planalto sua antecessora, Dilma Rousseff. Propõe-se então, para eliminar o incômodo de tudo isso, que Temer renuncie ao mandato num “gesto de grandeza”. Claro: NÃO HÁ NADA MAIS FÁCIL DO QUE EXIGIR GRANDEZA DOS OUTROS. A PARTIR DAÍ É SIMPLES. MONTA-SE UMA GAMBIARRA QUALQUER PARA MUDAR A CONSTITUIÇÃO E PERMITIR, ASSIM, A INVENÇÃO DE “ELEIÇÕES DIRETAS, JÁ”, ALGO QUE NÃO EXISTE EM LUGAR NENHUM DA LEI. A coisa é apresentada também com palavras diferentes ─ “eleições gerais”, “antecipação das eleições”, “entrega das decisões ao voto popular” etc. Mas dá tudo na mesma.



O que interessa, no mundo das realidades, é cair fora de uma situação que não está prometendo nada de bom a nenhum dos grupos que se alimentam, de um jeito ou de outro, da máquina pública e do Tesouro Nacional ─ incluindo os que estão hoje grudados no osso. Uns vêm com palavrório de “ciência política”. Dizem que o governo Temer é legal, mas “não é legítimo”, que a validade da Constituição “não está sendo aceita” e que “a soberania popular precisa legitimar a ordem”; se não for assim, “as ruas” vão exigir “a ruptura das regras” que estão valendo. “Regras”? Sim, regras. Ficaria desagradável falar em ruptura das leis. Não está claro, em nada disso, quem tem o direito de decidir se o governo é legítimo ou não ou quanta gente, precisamente, não aceita mais a validade da Constituição. Também não há informações sobre os exatos desejos da “soberania popular” no momento, nem se ela está realmente interessada em “legitimar” alguma coisa. Ninguém tem dados, enfim, para afirmar se “as ruas” vão fazer isso ou aquilo, nem quando, nem como. OS DEMAIS INTERESSADOS EM “ELEIÇÕES JÁ”, POR SEU LADO, NÃO PERDEM TEMPO DISCUTINDO ESSAS FILOSOFIAS TODAS. QUEREM, SIMPLESMENTE, ESCAPAR DA CADEIA E DA JUSTIÇA, E ACREDITAM QUE A MANEIRA MAIS CONVENIENTE PARA FAZER ISSO, OU A ÚNICA DISPONÍVEL, É GANHAR AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS ─ NÃO EM 2018, COMO MANDA A LEI, MAS JÁ, QUANDO A LAVA JATO ESTÁ RONCANDO ─ E COMPRAR A IMUNIDADE PARA OS CRIMES DE QUE SÃO ACUSADOS. ALÉM DO MAIS, NA ESPERANÇA DAS CENTENAS OU DOS MILHARES DE LADRÕES QUE CONTROLAM APOLÍTICA BRASILEIRA, UMA VIRADA DE MESA DESSE TAMANHO TERIA A IMENSA VANTAGEM DE “ZERAR TUDO” ─ os processos de corrupção que correm na Justiça iriam travar, e todo mundo, de todos os partidos, sairia feliz. A “soberania popular”, para essas coisas, é uma beleza.



O fato é que não existe nada de bom nas “eleições antecipadas”. O candidato mais cotado para a Presidência da República, segundo ele próprio, as pesquisas e a mídia, é o ex-presidente Lula. Como falar em “AREJAMENTO DA POLÍTICA”, “RENOVAÇÃO”, “PASSAR O BRASIL A LIMPO” e outras bobagens repetidas diariamente em favor das “diretas”, se o resultado é VOLTAR TUDO A LULA? O ex-presidente comandou durante oito anos o governo mais corrupto da história brasileira. É o que está comprovado, na Justiça, pelas confissões em massa de crimes cometidos durante seus dois mandatos; o único que não roubou ali, na teoria oficial do PT, foi ele. É incompreensível falar em “faxina geral”, da mesma forma, quando se consideram os outros possíveis candidatos. De todos os nomes citados até agora, nenhum está livre da gosma tóxica em que vive a política no Brasil ─ É SÓ UM DELES CHEGAR À PRESIDÊNCIA, QUALQUER UM, EM QUALQUER TIPO DE ELEIÇÃO, E VAI COMEÇAR TUDO DE NOVO, COM AS DELAÇÕES, CONFISSÕES, GRAVAÇÕES. QUE LIMPEZA SERÁ ESSA? Ignoram-se, igualmente, outras realidades essenciais. O novo presidente terá de comprar o apoio do Congresso. Seja ele quem for, não terá a menor possibilidade real de resolver nenhuma das calamidades urgentes do Brasil. E como poderá ser feita uma eleição direta para presidente sem fazer a mesma coisa com os 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados federais hoje exercendo seu mandato? Renunciam todos, em 621 gestos separados de grandeza? DO COMEÇO AO FIM, NADA FECHA NESSA COMÉDIA. (Da edição impressa de Veja, via Augusto Nunes).

domingo, 2 de julho de 2017

O BRASIL É CAMPEÃO DE AÇÕES TRABALHISTAS...




Tito Guarnieri 
Há certas estatísticas das quais se deve desconfiar. Mas elas ganham foro de verdade, se divulgadas por um ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Em evento de março, em Londres, ele revelou que o Brasil, tendo apenas 3% da população mundial, concentra 98% das ações trabalhistas do planeta. É estarrecedor. Já sabíamos que a cada ano três milhões de trabalhadores brasileiros ingressam com novas ações nos juizados trabalhistas do país.

Há alguma coisa de irremediavelmente distorcido nesse dado. Se você perguntar a um procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) a causa de tantas ações, ele terá a resposta na ponta da língua: a culpa é dos patrões, que não cumprem as obrigações trabalhistas. Não, definitivamente isso não explica tudo e nem é tão simples. Patrões no Brasil e no mundo querem pagar o menor salário e o menos possível de encargos sociais. Na exata e mesma medida que trabalhadores querem ganhar o máximo, trabalhando o mínimo.

Há um conjunto de razões particulares, só existentes no Brasil, que provocam a distorção. As leis brasileiras são extensas e enroladas. A legislação trabalhista, mais do que as outras, é um cipoal de leis e regulações exaustivas, detalhistas e de alta complexidade. É tarefa de Sísifo cumpri-las integralmente.

Mas a causa principal está em que o Ministério Público do Trabalho e os juízes atuam sob a "jurisprudência" única de que o trabalhador é a parte fraca da relação de emprego, e de que a Justiça do Trabalho é uma forma de fazer justiça social e distribuir a renda. Isto é, na dúvida, os juízes, na sua esmagadora maioria, com o apoio ativo do MPT, decidem a favor do empregado.

Os trabalhadores, que não são bobos nem nada, já notaram faz tempo que entrar com uma ação na Justiça do Trabalho é quase certeza de levar algum dinheiro. E aos magotes propõem ações na Justiça do Trabalho, estimulados e subsidiados pelos advogados dos sindicatos (lembrando que o Brasil é também recordista mundial de número de sindicatos, mais de 15 mil em todo o país), e dos grandes escritórios de advocacia trabalhista que pululam nas cercanias dos juizados.

Juízes, promotores do MPT, altos funcionários da Justiça especializada, sindicatos (e seus advogados), e grandes escritórios de advocacia trabalhista, eis os felizes ganhadores desse jogo de cartas marcadas. Ficam com o grosso dos recursos que giram em torno dos juizados e dos tribunais do trabalho, uns porque recebem salários dentre os mais elevados do serviço público federal, outros, como advogados dos sindicatos e dos grandes escritórios, reservam para si parcelas que podem chegar a 30% do valor das ações.

O trabalhador, ele mesmo, é o primo pobre do sistema. Quando vencem as ações, ou aderem a acordos, recebem apenas uma parte do que lhes pertence.

Não é por outra razão que a maior resistência a uma reforma trabalhista venha exatamente deles, MPT, juízes e advogados trabalhistas. Por exemplo, se passar a livre negociação, que é um avanço modernizante, eles perdem poder (juízes e MPT) ou dinheiro (advogados trabalhistas).

sábado, 1 de julho de 2017

A FARRA DO BOI







GUILHERME FIUZA

Isso aqui estava um tédio de dar dó. Depois do golpe de Estado que arrancou do palácio a primeira presidenta mulher, cuja quadrilha estava ROUBANDO HONESTAMENTE sem incomodar ninguém, a sombra desceu sobre o Brasil. Um mordomo vampiresco entregou a Petrobras a um nerd que deixou os pais de família da gangue do Lula no sereno — extinguindo sumariamente o pixuleco, principal direito trabalhista conquistado na última década.



Mas não foi só isso. Além de arrancar a maior empresa nacional da falange patriótica de José Dirceu, O GOVERNO GOLPISTA DA ELITE BRANCA E VELHA DEU UM TRANCO NA ECONOMIA. Em pouco mais de um ano, estragou um trabalho de três mandatos presidenciais que levara o país a um recorde — a maior recessão da sua história. Enxotou do comando da tesouraria nacional todos aqueles CÉREBROS AMANTEIGADOS, e aí se deu o choque: inflação e juros caíram, dólar e taxa de risco idem. Uma tragédia.



Como se não bastasse, o mordomo começou a fazer as reformas estruturais que PASSARAM 13 ANOS NA GELADEIRA do proselitismo coitado, que é o que enche a barriga do povo. Antes que o pior acontecesse — a retomada do emprego e do crescimento — apareceu Rodrigo Janot.



Mas não apareceu sozinho, que ele não é bobo e sabe que com elite branca e velha não se brinca. VEIO COM O CAUBÓI BIÔNICO DO PT — aquele vitaminado por injeções bilionárias do BNDES, o brinquedo predileto do filho do Brasil. Só mesmo um caubói de laboratório teria a bravura suficiente para dizer ao país que comprou todo mundo E O CULPADO É O MORDOMO. A partir daí foi só alegria.



A dobradinha do procurador-geral da banda com o supremo tribunal companheiro nunca foi tão eficiente. A enxurrada de crimes da Lava-Jato envolvendo atos diretos e indiretos de Dilma Rousseff passou dois anos morrendo na praia. JÁ A HOMOLOGAÇÃO DA PEGADINHA DO CAUBÓI CAIU DO CÉU COMO UM RAIO. Aí o delator foi amargar o exílio no seu apartamento em Manhattan, deixando o país paralisado, mas feliz — COMO NO CARNAVAL.



Nesta revolução progressista, também conhecida como FARRA DO BOI, Joesley Batista apontou Michel Temer como o chefe da quadrilha mais perigosa do país. Os brasileiros já deviam ter desconfiado disso. Lula e Dilma não davam um pio sem pedir a bênção do vice. Todo mundo sabe que Dirceu morria de medo de Temer, e não deixava Vaccari, Delúbio, Valério, Duque, Bumlai, Palocci e grande elenco roubarem um centavo sem pedir a autorização do mordomo. CHEGARAM A PENSAR EM DENUNCIÁ-LO À ANISTIA INTERNACIONAL, MAS SE CALARAM TEMENDO REPRESÁLIAS. JÁ TINHAM VISTO NO CINEMA COMO OS MORDOMOS SÃO CRUÉIS.



Agora estão todos gratos ao CAUBÓI BIÔNICO, que por sua vez está grato ao procurador-geral da banda — e ao seu homem de confiança que saiu do Ministério Público para montar o acordo da salvação da boiada (sem quarentena, que ninguém é de ferro). O pacto que emocionou o Brasil, festejado nas redes sociais como Operação Free Boy, é um monumento à liberdade talvez só comparável à Inconfidência Mineira.



Nada seria possível sem o desassombro de EDSON FACHIN, o homologador-geral da banda. Um candidato a juiz capaz de circular no Senado a reboque do lobista de Joesley não teme nada.



O legal disso tudo, além de bagunçar ESSE GOVERNO RECATADO E DO LAR com mania de arrumação (a melhora dos indicadores estava dando nos nervos), foi ressuscitar o PT. Depois da delação de João Santana, o roteiro criminal sem precedentes elucidado por Sergio Moro se encaminhava para a prisão de Lula e Dilma — os presidentes do escândalo. AÍ VEIO A FARRA DO BOI DIZER AO BRASIL QUE, NA VERDADE, LULA E DILMA ERAM COADJUVANTES DO MORDOMO — QUEM SABE ATÉ LARANJAS DELE. E o Brasil, como se sabe, crê.



Alegria, alegria. Zé Dirceu solto, Vaccari absolvido pela primeira vez na Lava-Jato, pesquisas indicando aumento de aceitação ao PT! (Ok, é Datafolha, mas o Brasil crê). E você achando que não viveria para ver rehab de bandido. O auge da poesia foi o lançamento da denúncia de Janot em capítulos, como uma minissérie. Alguns especialistas classificaram-na como “inepta” (ou seja, a cara do pai), mas estão enganados. A denúncia de Janot é apenas um lixo. Quem gosta de inépcia é intelectual.



A alegação de corrupção passiva, por exemplo, é uma espécie de convite à investigação do Cade. Só faltou escrever “TEM COISA ESTRANHA ALI...” Um estudante de Direito poderia achar que quem denuncia sem apurar está cambaleando entre a negligência e a falsidade ideológica. Algum jurista na plateia?



Farra do boi não tem jurista. TEM QUADRILHA DANÇANDO EM TORNO DA FOGUEIRA de mais uma greve geral cenográfica, porque sacanear o país nunca é demais. Mas eis que chega um correio do amor para o procurador-geral do bando (devem ter errado a grafia). Vamos reproduzi-lo: “Companheiro, agora dê um jeito de completar o serviço e botar esse presidente na rua, depois em cana; acabe com ele, parceiro, porque DIZEM QUE MALDIÇÃO DE MORDOMO É TERRÍVEL. Só não é pior que a de mordomo-vampiro.”

LULA É O CHEFE









RUY FABIANO

O perigo do “Fora, Temer” é ofuscar o protagonismo do PT no maior processo de rapina já perpetrado ao Estado brasileiro – aliás, a qualquer Estado. A corrupção como método de governo.

O PMDB, partido que Temer presidiu por longo tempo, e cuja parceria com o PT o levou à vice-presidência de Dilma Roussef, praticou a corrupção clássica, que, embora obviamente criminosa, cuidava de não matar a galinha dos ovos de ouro.

A do PT, não. Não se conformava em enriquecer os seus agentes. Queria mais: saquear o Estado para financiar um projeto revolucionário de perpetuação no poder. Daí a escala inédita, mesmo em termos planetários. Só no BNDES, o TCU examina contratos suspeitos de financiamentos, que incluem países bolivarianos e ditaduras africanas, na escala de R$ 1,3 trilhão. Nada menos.

Poucos países têm tal PIB. A Petrobras, que era uma das maiores empresas do mundo, desapareceu do ranking mundial. Deve mais do que vale. O PT banalizou o milhão – e mesmo o bilhão.

As delações da Odebrecht e da JBS, entre outras de proporções equivalentes (Queiroz Galvão, OAS, Andrade Gutierrez, UTC etc.) mostram quem estava no comando: Lula e o PT. Os demais beneficiários estão sempre vários degraus abaixo. Eram parceiros – e, portanto, cúmplices -, mas sem comando.

Por essa razão, soou como piada de mau gosto – ou um escárnio à inteligência nacional – a afirmação de Joesley Batista de que Temer era o chefe da maior quadrilha do erário. A ação implacável do procurador-geral Rodrigo Janot procurou reforçar aquelfirmação, que obviamente não se sustenta.

Os irmãos Batista, no governo Lula – e graças a ele -, ascenderam da condição de donos de um frigorífico em Goiás à de proprietários da maior empresa de produção de proteína animal do mundo, com filiais em diversos países. Tudo isso em meses.

O segredo? A abertura dos cofres do BNDES, de onde receberam algo em torno de R$ 45 bilhões. Tal como Eike Baptista, são invenções da Era PT. Temer nada tem a ver com isso, ainda que tenha sido – e está provado que foi – beneficiário do esquema.

Mas chefe jamais. Temer e o PMDB são a corrupção clássica, igualmente criminosa, mas em proporções artesanais. É grave e deve ser investigada e punida. Mas enquanto a rapina peemedebista cabe em malas, a do PT exige a criação de um banco, como a Odebrecht acabou providenciando no Panamá para melhor atendê-lo.

É, portanto, estranho que, diante de evidências gritantes como as que Rodrigo Janot dispunha sobre Lula, não tenha se indignado na medida que o fez em relação a Temer e Aécio, cujas respectivas prisões pediu. Jamais denunciou Lula ou Dilma.

Muito pelo contrário. Até hoje não explicou porque destruiu uma delação premiada do ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, que comprometia Lula. Não o sensibilizaram tampouco as delações do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que, inclusive, revelaram um esquema de financiamento de campanhas em países bolivarianos com dinheiro roubado da Petrobras.

E o casal deixou claro a quem obedecia: Lula e Dilma, fornecendo detalhes sórdidos do esquema: entre outras aberrações, uma conta fria de e-mail pela qual Mônica trocava informações com Dilma, com o objetivo declarado de obstrução de justiça.

E o caso do ex-ministro Aloizio Mercadante, que tentou silenciar Delcídio Amaral, que se preparava para uma delação premiada? Ofereceu-lhe dinheiro e intermediações no STF para soltá-lo. O que Janot fez com aquela fita, cuja nitidez dispensou perícias técnicas? Mercadante continuou ministro até a saída de Dilma. E o que Janot falou a respeito? Suas indignações, de fato, têm sido seletivas, dando ensejo justificado a suspeitas de engajamento.

Temer está em maus lençóis pelo que fez – e deve ser investigado. Ele, Aécio e quem mais tenha delinquido. Mas não se deve perder de vista o senso das proporções. Lula é o chefe

HÁ SUSPEITA QUE OS ARAPONGAS DO GOLPISTA PETRALHA JANOT PERSEGUIAM  RAQUEL DODGE...



Reinaldo Azevedo

Coisas da maior gravidade estão em curso em Brasília. Graves, eu diria, num grau como ainda não se viu em tempos democráticos. PARECE QUE PESSOAS EMPENHADAS EM DERRUBAR O PRESIDENTE MICHEL TEMER ANDARAM INDO LONGE DEMAIS. E não consta que desistirão tão cedo. Por que tanta determinação? É o que a história deixará claro um dia — ao menos espero.

Há três episódios que precisam ser tornados públicos e que revelam o estado das coisas. Muito se diz, para desconfiança de alguns, que HÁ UMA TENTATIVA DE SE INSTAURAR UM REGIME POLICIAL NO BRASIL. Estou entre os que acham essa avaliação procedente. Então vamos ao primeiro evento estupefaciente.



EPISÓDIO UM


Nesta quinta-feira, RAQUEL DODGE, indicada na noite anterior pelo presidente Michel Temer para substituir RODRIGO JANOT, teve seus passos milimetricamente monitorados por pessoas que se disseram a serviço da Procuradoria-Geral da República. Para quem não entendeu: ELA FOI SEGUIDA.

Raquel, como se sabe, é uma desafeta de Janot porque se opõe não ao combate à corrupção, é claro!, mas aos métodos um tanto AUTOCRÁTICOS e TRUCULENTOS com que o titular da PGR conduz o órgão. “Está acusando Janot, Reinaldo?” Não me atrevo. Não sou do tipo que faria ilações irresponsáveis na linha: “a) Janot NÃO QUERIA Raquel na PGR; b) pessoas que se diziam a serviço da PGR SEGUIRAM Raquel; c) logo, JANOT mandou seguir Raquel”.

Se tivesse elementos para isso, diria. Quando menos, que se abra uma sindicância interna.

E que Raquel Dodge saiba: estava sendo seguida ontem. E seus perseguidores se diziam a serviço do órgão que ela vai comandar.



EPISÓDIO DOIS


Na quarta, enquanto Alexandre Parola, porta-voz do presidente, anunciava o nome de Raquel, um grupo ligado a Janot, sob sua orientação, fazia a revisão final de um MANDADO DE SEGURANÇA, com PEDIDO DE LIMINAR, a ser apresentado ao Supremo para IMPEDIR QUE TEMER FIZESSE A INDICAÇÃO. Pretexto? O presidente não poderia indicar a chefe do órgão que o denuncia. Há algum documento que trata do assunto? Existe algum diploma legal com tal disposição? Está na Constituição? Resposta: NÃO!

Mas sabem como é… Vai que, no sorteio, a coisa caísse no colo de um Roberto Barroso, de um Luiz Fux, de uma Rosa Weber… Afinal de contas, começa a ser influente a ideia de que a lei não é o limite. Ou não defendeu, com todas as letras, o senhor Barroso que um acordo de delação, por exemplo, pode conter o que está e o que não está na lei?

Quando Parola anunciou o nome de Raquel, antes da apresentação da ação, houve quem desse um murro na mesa de raiva. A razão é simples: sem a indicação, o alvo seria Temer — afinal, para todos os efeitos, pedia-se que ele não indicasse nenhum dos nomes da lista tríplice. Depois dela, o ato seria hostil à própria procuradora, o que não seria bem-visto por seus colegas.



EPISÓDIO TRÊS


Janot enviou EMISSÁRIOS ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), pedindo que ele buscasse ADIAR O MÁXIMO POSSÍVEL A SABATINA DE RAQUEL NA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA — PREVISTA PARA 12 DE JULHO. Pretexto? Ah, o de sempre: sabatinar a indicada nos próximos dias concorreria para enfraquecer Janot e, por consequência, a Lava-Jato. Conhecem esse argumento, não? Eunício ouviu, mas não cedeu.



CLIMA DE TERROR


Se há ou não o dedo de Janot na perseguição — acho que a palavra é essa — de Raquel, bem, isso não sei. Que as outras duas ações partiram do seu gabinete, ah, isso partiram. E, convenham, nenhuma delas honra a biografia do ainda procurador-geral da República.

Brasília está assustada — e não necessariamente por bons motivos. Fala-se, em todo canto, da existência de uma mansão no Lago Sul que seria, na verdade, uma central de espionagem e de grampos ilegais. A casa seria dotada, entre outras traquitanas,  do “Sistema Guardião”, um SUPERAPARELHO de escuta telefônica destinado a órgãos policiais e de inteligência.

O mundo da ARAPONGAGEM é curioso: ao mesmo tempo em que se desenvolve na clandestinidade, é também muito buliçoso, porque os próprios arapongas de encarregam de ALCAGUETAR o trabalho da concorrência. A conversa sobre a tal central clandestina se tornou ainda mais nervosa porque, consta, tudo está sendo desmontado às pressas. Por alguma razão. TÁ BOM ESSE BRASIL PRA VOCÊ?