domingo, 8 de novembro de 2015

PROMISCUIDADE NÃO PRENDE NINGUÉM NESSE PAÍS



Sérgio Siqueira

Sinto que posso desapontar o meio Brasil que ainda não foi dobrado pelo crime organizado em que se transformou o Estado, mas não creio que Lula da Silva, o Barba, o Brahma, o Cara, o Metamorfose Ambulante seja preso pela força-tarefa da Operação Lava Jato.

Ele não faz nada, não sabe de nada, não assina nada. Tanto faz que tenha sido presidente desse país de papel passado e de direito por oito anos e seja o presidente de fato até  hoje, ele só não pode mesmo dizer nada nem defender-se de forma alguma quando o chamarem de promíscuo.

E, não tenho lembrança alguma de que alguém nesse país tenha tomado cadeia por andar misturado com más companhia, por andar mal acompanhado até quando está sozinho. Todo mundo sabe que o homem é produto do meio, mas isso não bota ninguém atrás das grades.

Salvo horrorosas exceções, isso até pode acontecer. É quando, a patota com que ele, o homem, anda metido seja um clube de malandros. Mas aí, nem é prisão; é uma simples detenção por vadiagem. Nesse caso, o cara suja de tinta as digitais e sai prontinho pra outra logo em seguida.

Agora documentos apreendidos pela Operação Lava Jato comprovam que as maiores empreiteiras do Clube do Bilhão, enroladas até os gornes no escândalo do Petrolão, pagaram mais de R$ 17 milhões a LILS Palestras e ao Instituto Lula - duas empresas do mesmo dono do Brasil da Silva.

Para todos os efeitos e, com a garantia de hábil e cuidadosa contabilidade, os R$ 17.233.278,62 foram repassados como pagamento de palestras realizadas por Lula entre 2011 e 2014. Dessa grana, o maior repasse foi da Camargo Corrêa, uma construtora que adora patrocinar palestras, ainda mais quando orador se chama Lula, mas atende aos mais íntimos pelo nome de Brahma.

Pois a Camargo Corrêa, porque também gosta de pagar conversa fiada - alguém sabe qual é o tema dos papos milionários de Lula? - marchou com R$ 4.527.999,30... Viram só o requinte do detalhe contábil? Não falta um ponto, não falta uma vírgula. O dadivoso patrocinador pagou até a saliva que o palestrante gastou.

Já com a Odebrecht, a coisa se deu em transferências meticulosas que chegaram a um total de R$ 3.973.237,90 contadinhos, centavo por centavo - que palestra de Lula não é coinversa que se desperdice; que se jogue fora.

E nesse clube que tem paixão por palestras - tenham elas lá o teor e conteúdo que tiverem - aparecem empreiteiras como a OAS que repassou para as organizações de Lula, o primus inter pares de todos os palestrantes do planeta, a módica contribuição de R$ 3.572.178,52.

Já a Andrade Gutierrez, teve o inebriante prazer de entrar com R$ 3.607.347,00; a UTC, com R$ 357.621,12 e a Queiroz Galvão, com R$ 1.194.894,78, tostão a tostão, eis que contabilidade de oradores milionários não é coisa que deixe furo pra vagabundo nenhum meter a mão.

A Lava Jato fez as contas: dessa turma de patrocinadores que, por acaso, estão todos enrolados no Petrolão, o Grupo Odebrecht abocanhou 16,6% dos contratos sob suspeita na Lava Jato - uma micharia de R$ 35,6 bilhões. O Grupo Tchint mordeu 10,26% dos negócios; a Queiroz Galvão ganhou pelo apertado placar de 9,6% a (,2% do Grupo Camargo Correa.

E estas são as horas em que o maior orador do mundo se cala. Quem fala por ele é o Instituto Lula. Flagrado com a boca na botija, o instituto ganhou voz rouca, ajoelhou e rezou: "este instituto e a LILS Palestras jamais receberam contribuições ou pagamentos ilícitos de quem quer que seja". Pronto, é disso que a gente está falando.

E o que é mesmo que isso quer dizer? Que Lula, o orador das multidões, o mais caro e requisitado palestrante do mundo, vai em cana? Nem pensar... Está tudo contabilizado; tudo declarado; tudo na mais perfeita ordem. Como faz bem e muito bem a quem é do ramo. Coisa de profissionais.

Lula da Silva só não pode negar, nem aqui nem em Caixa-Prego, o fato de que ele, em sendo o Lula da Silva, oito anos presidente de direito e até hoje presidente de fato do País, se trata de um promíscuo. E, embora ande em péssimas companhias, está sempre bem acompanhado de contadores, advogados, operadores, empreiteiras tocadoras de obras e ditaduras contratantes de mirabolantes projetos de portos, rios, canais, estradas e... o céu é o limite.

Ele não pode negar: é um promíscuo podre de rico que vive chorando as misérias de um povo que não consegue nem mesmo chorar as pitangas. Destrinchando o epíteto "promíscuo podre de rico": Lula é promíscuo e Lula é podre de rico. Tá, mas e daí, qual é o pó?!?

Lula só poderá, no máximo, ser detido por andar com a alta malandragem. Malandragem mesmo: teve preguiça de saber por que o dinheiro dos dadivosos patrocinadores tinha manchas de óleo sujo e carimbo do BNDES. Por isso, por malandragem; por ganhar a vida nababesca no papo, ele pode pegar uma detenção por vadiagem.

Dessa acusação, ele dificilmente poderá escapar. Eis que trabalhar mesmo, pegar no duro e na batata, nunca foi a sua praia e nem mesmo dos donos do PT, facção político-partidária que ele inventou e ao qual deu, hipócrita e ironicamente o nome de Partido dos Trabalhadores.

Se alguém trabalha no PT, decerto, trabalha para Lula, o milionário Brahma e seus sócios.

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