sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A MORTE BATEU NA PORTA ERRADA...





RENATA, VIÚVA DE CAMPOS, DIZ A AMIGOS QUE TODOS ESTAVAM FELIZES ANTES DO ACIDENTE QUE NADA INDICAVA QUE NADA DE RUIM PUDESSE OCORRER

Natuza Nery

Uma romaria de amigos, assessores e políticos inundou a casa onde Eduardo Campos vivia com a mulher Renata e seus cinco filhos. Pessoas que estiveram na casa no bairro recifense de Dois Irmãos viram a viúva firme e serena. Chorava apenas quando abraçava alguém próximo da família. No terraço de uma casa confortável, porém sem luxo, Renata amamentava o filho caçula Miguel, nascido em janeiro. Segundo relatos de presentes, trajava calças jeans, blusa branca e chinelos. Por telefone, falou pela primeira vez com o ex-presidente Lula desde a queda do avião que matou seu marido. Até agora, a viúva não fez nenhum pronunciamento público dobre o acidente. EDUARDO E RENATA NÃO SE DESGRUDAVAM. E ELE QUERIA QUE ELA TIVESSE SEGUIDO COM ELE NA VIAGEM A SANTOS. Segundo os interlocutores ouvidos pelo JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, foi ela quem preferiu voltar para a capital pernambucana para cuidar dos outros filhos. Prometeu ficar ao lado do marido na semana seguinte.  E foi assim que Renata e Miguel se salvaram do acidente. Rodrigo Molina, o sobrinho fiel que atuava como sombra do candidato,  foi instruído por ele a acompanhar sua mulher no avião de carreira. Havia somente “1% DE CHANCE” de que molina não estivesse naquele voo fatal. Entre um abraço e outro, conversas sobre como Campos estava feliz e dos planos que ambos faziam para o futuro. ‘ELA ESTÁ FORTE COMO UMA ROCHA”, contou um amigo da família. “E OS FILHOS ESTÃO FIRMES”, acrescentou. Integrantes da família às vezes contamvam histórias engraçadas da campanha, e se lembravam saudosos de Pedro Valadares, assessor e amigo que morreu, ao lado de Campos na Quarta-feira. Valadares era sempre fotografado dormindo. Em uma dessas pescadas, dentro do avião em uma viagem há cerca de um mês, o assessor de imprensa Carlos Percol, também vítima da tragédia, pegou o celular de “PEDRINHO”, como era conhecido, e escreveu, passando-se por ele, para uma lista de mais de cem pessoas no WhatsApp: “PESSOAL, TENHO QUE CONTAR UMA COISA PARA VOCÊS. BEIJEI UM HOMEM HOJE. ESTOU ME SENTINDO ESTRANHO”. As brincadeiras era um traço da campanha. Em outra ocasião, desta vez com MARINA SILVA a bordo, Valadares queria tomar uma dose de uísque para relaxar. Como a ex-senadora não bebe nada alcoólico, despejou uma quantidade num copo de plástico. Para disfarçar, perguntou: “SENADORA, QUER GUARANÁ?”. Nas conversas de dentro de casa, pessoas relataram que um dos filhos comparou o jatinho a um automóvel: se fosse um carro teria 5.000 quilômetros rodados. “NÃO PARECE VERDADE” era a frase mais ouvida entre os frequentadores da casa da família Campos. E Renata assim resumiu esse sentimento em muitas conversas, inclusive com o ex-presidente Lula: “PARECE QUE ELE VAI CHEGAR A QUALQUER MOMENTO”. Sobre a mesa de jantar, água, café,  bolachas e bolo, quase tudo praticamente intocado ao longo do dia. O prefeito do Recife, Geraldo Júlio, afilhado político de Campos, se dividia entre as providências práticas para o funeral e o sofrimento da perda. Quando não falava ao celular, era visto, aos soluços, escondendo o rosto. Um visitante contou um fato curioso. Um dos filhos vira, no dia da entrevista do pai ao “JORNAL NACIONAL”, um inseto conhecido como esperança pousado no teto. Tirou uma foto e mandou aos pais por celular. Na família, há uma crença de que toda vez que o inseto sobrevoa perto, é a presença espiritual de Miguel Arraes, morto em 13 de agosto de 2005, nove anos antes do neto. Renata, bebê no colo, fez alguns dos presentes chorarem conforme apurou o JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. Na conversa, dizia que todos estavam tão felizes e confiantes que nada, nem um aperto no coração, nem um frio na barriga, indicava algo ruim. “POR ISSO ESTOU COM ESSA SENSAÇÃO DE QUE A MORTE BATEU NA PORTA ERRADA. NÃO ERA PARA SER ELES. NÃO ERA.”








@@@ O Blog Chumbo Grosso, cadastrou-se e através de e-mail, pediu autorização a FOLHA para compartilhar este conteúdo. – As imagens não fazem parte do texto original.



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